RADIOTERAPIA DE RESGATE COMBINADA COM BICALUTAMIDA AUMENTA A SOBREVIDA EM PACIENTES COM RECIDIVA APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL

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RADIOTERAPIA DE RESGATE COMBINADA COM BICALUTAMIDA AUMENTA A SOBREVIDA EM PACIENTES COM RECIDIVA APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL

Contexto clínico

A radioterapia (RT) de resgate é muitas vezes necessária em homens que foram submetidos à prostatectomia radical. As evidências de recorrência do câncer de próstata para o uso da radioterapia de resgate muitas vezes vêm da detecção de um nível persistentemente elevado do antígeno prostático específico (PSA > 0,2 ng/dl) logo após a cirurgia ou pelo aumento do PSA após um período entre o nadir pós-cirúrgico (valor mais baixo do PSA) e sua elevação. O papel da RT exclusiva como tratamento de resgate em pacientes com recidiva do câncer de próstata tem seu papel definido1. Na prática clínica, a radioterapia de resgate é indicada com frequência e produz bons resultados terapêuticos em termos de controle do PSA e efeitos colaterais2. Entretanto, dúvidas existem se a adição de um bloqueador androgênico periférico à radioterapia não melhoraria ainda mais o controle do câncer e prolongaria a sobrevida global desses pacientes.

Estudo

Um estudo publicado na edição de 2 de fevereiro de 2017 da revista New England Journal of Medicine avaliou tal questão3. Nesse estudo, Shipley e colaboradores elegeram 760 homens, a partir de um ensaio clínico duplocego, controlado com placebo e realizado de 1998 a 2003, que foram submetidos à prostatectomia radical com linfadenectomia e que, mais tarde, tiveram uma recorrência bioquímica. Na avaliação patológica, tinha que se ter a doença como estádio tumoral T2 (confinado à próstata, mas com uma margem cirúrgica positiva) ou T3 (com extensão histológica para além da cápsula prostática), ausência de linfonodo comprometido pela neoplasia e um nível de PSA detectável de 0,2 ng/ml a 4,0 ng/ml. Durante a radioterapia de resgate, os pacientes receberam terapia antiandrogênica (24 meses de bicalutamida em uma dose diária de 150 mg) ou radioterapia de resgate na mesma dose combinada com placebo durante e após a radioterapia. O objetivo primário foi a taxa de sobrevida global.

Resultados

A mediana de seguimento entre os pacientes sobreviventes foi de 13 anos. A taxa atual de sobrevida global aos 12 anos foi de 76,3% no grupo bicalutamida e de 71,3% no grupo placebo (hazard ratio para óbito, 0,77; intervalo de confiança de 95%, 0,59 a 0,99; p = 0,04). A incidência em 12 anos de morte por câncer específica foi de 5,8% no grupo bicalutamida e de 13,4% no grupo placebo (p < 0,001). A incidência cumulativa de câncer de próstata metastático em 12 anos foi de 14,5% no grupo bicalutamida e de 23,0% no grupo placebo (p = 0,005). A incidência de eventos adversos tardios associados à radioterapia foi semelhante nos dois grupos.

Interpretação

A adição de 24 meses de terapia antiandrogênica com bicalutamida diária associada a radioterapia de resgate resultou em taxas mais elevadas de sobrevida global em longo prazo e em menor incidência de câncer de próstata metastático e de morte por câncer específica do que o tratamento de resgate com radioterapia exclusiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  1. Stephenson AJ, Scardino PT, Kattan MW, et al. Predicting the outcome of salvage radiation therapy for recurrent prostate cancer after radical prostatectomy. J Clin Oncol Off J Am Soc Clin Oncol. 2007;25(15):2035-2041. DOI: 10.1200/JCO.2006.08.9607.
  2. Tendulkar RD, Agrawal S, Gao T, et al. Contemporary update of a multi-institutional predictive nomogram for salvage radiotherapy after radical prostatectomy. J Clin Oncol. 2016;34(30):3648-3654. DOI: 10.1200/JCO.2016.67.9647.
  3. Shipley WU, Seiferheld W, Lukka HR , et al. Radiation with or without antiandrogen therapy in recurrent prostate cancer. N Engl J Med. 2017;376(5):417-428. DOI: 10.1056/NEJMoa1607529.

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