Ipilimumab 10 mg/kg versus ipilimumab 3 mg/kg em pacientes com melanoma irressecável ou metastático: um estudo randomizado, duplo-cego, multicêntrico, fase 3

Ipilimumab 10 mg/kg versus ipilimumab 3 mg/kg em pacientes com melanoma irressecável ou metastático: um estudo randomizado, duplo-cego, multicêntrico, fase 3

Ipilimumab 10 mg/kg versus ipilimumab 3 mg/kg em pacientes com melanoma irressecável ou metastático: um estudo randomizado, duplo-cego, multicêntrico, fase 3
INTRODUÇÃO
Comentário produzido pela Dr. André Bacellar médico oncologista do Hospital Português e Núcleo de Oncologia da Bahia, sobre o artigo Ipilimumab 10 mg/kg versus ipilimumab 3 mg/kg in patients with unresectable or metastatic melanoma: a randomised, double-blind, multicentre, phase 3 trial. Dr. André Bacellar é formado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), especializado em Clínica Médica e Oncologia clínica pela UNICAMP. Fez Observership na University of Miami Hospital, atualmente mestrando na disciplina de Clínica Médica – Oncologia clínica na UNICAMP, além de membro da American Society of Clinical Oncology (ASCO).

RESUMO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo randomizado de fase 3 comparando duas doses de ipilimumabe diretamente (3 mg/kg vs. 10 mg/kg), ambas por quatro ciclos a cada 21 dias, em pacientes com melanoma estádio III irressecável ou estádio IV. Com n = 727, 410 pacientes (56%) haviam recebido tratamento sistêmico prévio (não permitido inibidores de BRAF ou anticorpos anti-PD-1).
Houve ganho de sobrevida global (desfecho primário) no grupo Ipi 10 comparado ao grupo Ipi 3 (15,7 vs. 11,5 meses; HR 0.84, IC 95% 0.70-0.99; p=0.04), com maior sobrevida aos 3 anos (31,2% vs. 23,2%). Todos os subgrupos parecem beneficiar-se da dose maior, particularmente os pacientes assintomáticos (ECOG 0), mais jovens (< 65 anos) e com BRAF mutado. Não houve diferença significativa entre os grupos na sobrevida livre de progressão (2,8 meses em ambos os grupos) ou na taxa de controle de doença (32% vs. 28% para Ipi 10 e Ipi 3, respectivamente). Retratamento com a mesma dose randomizada era permitido para os pacientes que progredissem após pelo menos três meses de doença estável após o fim do tratamento, tendo sido realizado em 6% (23/364) do grupo Ipi 10 e 9% (32/362) do Ipi 3. Descontinuações da droga por progressão de doença foram menores no grupo Ipi 10 (30% vs. 43%), enquanto descontinuações por toxicidade foram maiores (24% vs. 10%). De fato, os efeitos colaterais foram significativamente mais frequentes no grupo de Ipi 10. Foram verificadas toxicidades ≥ grau 3 em 124 (34%) dos 364 pacientes do grupo Ipi 10 versus 66 (18%) dos 362 pacientes do grupo Ipi 3. A diferença foi baseada predominantemente na frequência de colite/diarreia. Mortes relacionadas ao tratamento foram de 4 (1%) no grupo Ipi 10 versus 2 (<1%) no grupo Ipi 3. É importante notar que nos efeitos adversos imunológicos, o tempo para início, frequência e tempo para resolução foram similares em ambos os grupos, utilizando os algoritmos disponíveis. Questionários de qualidade de vida apontaram pior tolerância no grupo Ipi 10, embora não seja possível conclusões desse efeito em longo prazo. REFERÊNCIA: Ascierto PA, Del Vecchio M, Robert C, Mackiewicz A, Chiarion-Sileni V, Arance A, Lebbé C, Bastholt L, Hamid O, Rutkowski P, McNeil C, Garbe C, Loquai C, Dreno B, Thomas L, Grob JJ, Liszkay G, Nyakas M, Gutzmer R, Pikiel J, Grange F, Hoeller C, Ferraresi V, Smylie M, Schadendorf D, Mortier L, Svane IM, Hennicken D, Qureshi A, Maio M. Ipilimumab 10 mg/kg versus ipilimumab 3 mg/kg in patients with unresectable or metastatic melanoma: a randomised, double-blind, multicentre, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2017 May;18(5):611-622. doi: 10.1016/S1470-2045(17)30231-0. Epub 2017 Mar 27.